A mais ‘batida’ história de sempre torna-se na mais bela história de todas em apenas duas horas. Acreditam? James Gray tem plena consciência do grande cineasta que é, e só assim se explica a maturidade com que filma este seu ‘Two Lovers’ (ou em português ‘Duplo Amor’), com uma mão firme e um olhar único que capta os corpos assombrados pelo passado e presente tal como os espaços em que estes habitam. O núcleo familiar de Leonard (Phoenix) e Sandra (Shaw) é absorvido com uma naturalidade e força imensas, tal como os passos de toda esta história, que não perde tempo no ‘background’ dos seus protagonistas, pois em menos de 5 minutos os diálogos e a interpretação corporal fala por si. Tal como a câmara. O triângulo Phoenix, Paltrow e Shaw é contido, mas afiado e mexe connosco como poucas pontas de triângulos assim o fizeram recentemente. Filmar duas cenas de sexo (a do pátio é grande, grande, grande...) sem mostrar nudez, para depois sim a introduzir, num diálogo tão ternurento quanto carnal entre janelas, onde nunca um seio mostrou tanto sobre o desejo, a intimidade e a vitalidade do amor e esperança é, meus senhores, um momento de cinema tão grande que não há palavras que o descrevam. É uma daquelas cenas que vai perseguir qualquer um, a qualquer hora, sem avisar. Sem esquecer outras cenas como a troca de olhares (e sentimentos) entre Phoenix e Rosselini no final. Há muito que Paltrow não seduzia tanto com uma personagem tão rica, e diabos me levem se este é o último filme de Phoenix, porque se o é arrisco dizer que é espantoso, mas quero acreditar que ele nos vai dar mais como deu aqui. Apetece gritar a plenos pulmões, ou então sussurrar para os ouvidos apurados e merecedores deste aviso, que ‘Duplo Amor’ é o melhor filme deste ano, e do ano passado, e do próximo. Gray, estás a ganhar um lugar no coração.
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